O Storytelling nada mais é do que a habilidade de contar histórias.

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Nos tempos atuais, tornou- se uma ferramenta no mundo corporativo, podendo ser usada para captar leads, engajar colaboradores e clientes, e para capacitações (transmissão de conhecimento e ideias).

A arte de contar histórias é parte dos primórdios da humanidade. Sentar e ouvir/assistir histórias está em nosso DNA. Através das histórias, o ser humano obtém conhecimento, sobre fatos reais ou fictícios, e em meio a isso ele desfruta de um momento que pode ser considerado um entretenimento.

Uma excelente história provoca emoções e sentimentos em seu expectador: Risadas, choros, suspiros apaixonados, suspiros de alívio, praguejos de raiva, repulsa, temor, ataques de sustos. É por essas razões que os chamados blockbusters fazem tanto sucesso nos cinemas e nas plataformas de streaming (Harry Potter e Game of Thrones são alguns desses exemplares) 

Aliar o recurso de contar uma boa história junto com uma oratória cativante pode gerar grandes resultados.

Para lapidar essa habilidade é necessário ter prática e alguns fundamentos básicos, entre eles a estruturação de uma apresentação, que pode ser dividida em quatro etapas básicas: Introdução, Explanação, Evidências e Conclusão.

Etapas Básicas do Storytelling

1- Introdução

Apresentar o tema, posicionando a sua relevância e fazer com que o seu conteúdo desperte a atenção e curiosidade dos espectadores. E deve-se mostrar autoridade e deixar claro como isso poderá ajudar na dor do seu ouvinte.

Usar pequenos gatilhos mentais nessa parte é um ótimo recurso: palavras e frases que podem acionar emoções e memórias.

“Fez tanto calor que João podia fritar um ovo no asfalto” – Se você leu essa frase com certeza você imaginou o nível de temperatura dessa situação, e ainda pode ter acionado o seu desejo de se alimentar (ainda mais se estiver lendo isso perto do horário de almoço ou janta).

2- Explanação

Dividir o conteúdo da sua apresentação em partes e, ao longo do discurso, destrinchar cada um desses eixos.

As histórias basicamente são constituídas de começo, meio e fim. O “pré-evento”, o “per-evento” e o “pós-evento”. Cabe ao locutor expor uma situação que quebrou um senso de normalidade e relatar como ela se desenrolou, com o detalhamento necessário e que seja conciso com o objetivo geral do texto. 

3- Evidências 

É preciso mostrar a referência, comprovar, dar exemplos, resultados do que está sendo falado, para que o discurso tenha uma conexão com a realidade. Não interessa a ninguém ideias faladas ao vento, é necessário a existência da objetividade.

4- Conclusão

Fazer uma revisão de todo o discurso, e se possível deixar claro a mensagem que a apresentação teve o objetivo de transmitir.

O discurso torna-se ainda mais impactante quando ele possui o “call to action” (CTA), a chamada para a ação. Isso instiga o espectador a pensar que ações ele pode fazer com o conteúdo que absorveu. 

Gerar ação é o maior representante do resultado. Um conhecimento adquirido torna-se inútil se não for posto em prática.

Concluído o discurso, o orador pode pedir um feedback dos espectadores, com a finalidade de aprimorar ainda mais a sua apresentação.

Desenvolvimento do Storytelling

Seguindo a estruturação básica de uma apresentação, agora vem o desenvolvimento do Storytelling:

Para quem é a apresentação?

Antes de projetar uma história é importante você saber para quem você irá contar. Para a história alcançar o seu objetivo, é necessário que o espectador se identifique com o personagem e, desse jeito, absorver a mensagem da história com maior facilidade, pois ele verá parte da sua própria vida em outro fragmento de vida.

O que eu quero com a apresentação?

Definir um objetivo com a sua oratória é a semente do seu discurso. Uma história sem um objetivo se torna um texto vazio, raso e redundante.

Se o seu objetivo é promover um produto, crie uma história onde esse mesmo produto foi a solução para algum problema ou que promoveu algum momento inesquecível na vida de uma pessoa.

Quer passar conhecimento? Conte um fato ou uma ficção onde essa ideia foi aplicada ou descoberta. 

Quer engajar um membro de sua empresa? Divida com ele a história de alguém cuja trajetória de vida seja semelhante à dele, contando os erros, acertos e conquistas. Uma história de vida pode inspirar muitas pessoas.

Quantas mulheres se inspiraram na cientista polonesa Marie Curie, ou na artista mexicana Frida Kahlo ou na ativista Malala Yousafzai? 

Ou até mesmo em Daenerys Targaryen, Hermione Granger ou a Capitã Marvel (personagens fictícias, mas que inspiraram o empoderamento feminino).

Quantas pessoas vibraram ao ver o primeiro presidente negro a governar um dos mais poderosos e influentes países do mundo?

Centenas de milhares, e os números só crescem…  

Criar tempo, lugar e personagem

Onde a sua história acontece? Em que universo ela está inserida? Um universo real? Fictício?

Em que tempo a sua história ocorreu? Qual o recorte temporal?

Quem conta a história? A quem a história pertence? O narrador é em terceira pessoa ou é um personagem? Quem são os amigos, os antagonistas e os seres que interagem com o protagonista?

A história é sua?

São algumas das perguntas-chave.

O desfecho tem que ser o ápice emocional da história

Deixe sempre o grande impacto da sua história para o fim, tornando-a mais memorável. O desfecho dos segredos e a grande revelação devem ser a cereja do bolo.   

Use gatilhos mentais com sabedoria

Os gatilhos mentais têm que ser éticos, ligados aos seus valores ou/e da empresa na qual você representa. E devem fazer sentido no contexto da narrativa.

Mencionar alimentos e descrever algum aroma cria conexão do espectador com o universo da história, torna a experiência mais vívida e aciona emoções e memórias.

“Estava redigindo um texto em uma tarde ensolarada de quarta-feira, estava tão imerso no meu trabalho que nem vi o tempo passar, até que um aroma fisgou a minha atenção… Era um cheiro doce, quentinho, saboroso, macio… chocolate… Já sentia o gostinho de mais um bolo que a minha avó fez…”

Tipos de Narrativa

Existem seis tipos de narrativas bem comuns, algumas podem combinar melhor com a sua proposta do que outras. Tudo depende do objetivo e de como você constrói e desenvolve a sua história.

Jornada do Herói

A clássica das clássicas. Muito usada em filmes, séries e novelas.

A jornada do herói se estrutura dessa forma: Uma pessoa tem uma vida normal, é chamada para algo próximo de uma missão (existe um problema e o personagem precisa solucionar), ele sofre com obstáculos e resistência por parte do mundo, e geralmente o universo parece conspirar para ele desistir. 

Em dado momento, aparece a figura de um conselheiro/mentor (que pode ser uma marca de algum produto ou serviço) e o personagem ouve os conselhos, e utiliza os ensinamentos desse mentor para cumprir a sua missão. Apesar das inúmeras dificuldades, ele vence os desafios e cumpre a sua missão. 

O personagem passa uma mensagem de superação e inspiração ao público.  

Inimigo público comum

Nesta situação, o discurso mostra que tanto o orador quanto o ouvinte tem algum inimigo em comum.

A narrativa desperta o imaginário do consumidor. Ele entende que precisa se unir ao locutor para lutar por uma causa. Para isso, ele precisa tomar ações específicas (no marketing essas ações seriam obter um produto ou solicitar um serviço).

Ao executar essas ações, significa que o ouvinte não é um dos inimigos, mas sim um dos aliados do orador para derrotar este grande inimigo público comum. 

Jornada do Idiota

A mensagem mostra logo de cara toda a luta e dificuldade encontrada pelo personagem – com a intenção de destacar como tudo era difícil, antes de saber as informações que este personagem tem acesso no presente (que pode ser a qualidade de um produto ou serviço, por exemplo). 

O personagem evidencia que aprendeu pelo erro. Mostra como adquiriu conhecimento e tenta incentivar o público a seguir os mesmos passos. 

Resumidamente, esse estilo de narrativa gira em torno da chamada “gestão do erro”.

Estratégia do Fracasso ao Sucesso

O personagem tem uma vida normal, mas em dado momento algo acontece. Surge uma situação de desafio, um problema, um tropeço. A partir desse momento, ele faz alguma grande descoberta, que vai ajudá-lo a resolver os problemas. Essa ação provoca uma verdadeira revolução positiva na vida do personagem. 

Ao se mostrar uma pessoa normal na narrativa, o orador mostra para o ouvinte o seguinte: O personagem e ele são iguais, são pessoas comuns. “Se ele conseguiu, você também consegue!”. 

O objetivo é causar essa empatia e destacar como é possível sair de uma situação de “fracasso” e chegar no momento de fama. 

Herói por Acidente

Este estilo de narrativa também é conhecido como “herói relutante”.

Uma história neste formato pode funcionar da seguinte maneira: um personagem tem um problema e consegue resolver. Ele encontra outra pessoa que está com a mesma dificuldade e compartilha a solução com ela. A partir daí, os personagens se unem e começam a espalhar cada vez mais a grande descoberta. 

E em um efeito dominó a solução revolucionou uma sociedade inteira.

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Somos Parecidos

A narrativa visa demonstrar que o orador é muito semelhante ao seu ouvinte. 

A história passa uma mensagem de “olhe como nós somos parecidos, temos os mesmos sonhos e objetivos”. Nesse estilo de narrativa, o orador mostra que também tem os mesmos medos, mas que encontrou uma maneira de superá-los e que conquistou caminhos para cumprir os objetivos e realizar os sonhos. 

Ao apostar nessa proposta de enfatizar “nós somos parecidos”, o ouvinte tem a percepção de que também pode cumprir uma boa jornada de realizações, de superação de dificuldades.

A proposta dessa narrativa é semelhante a do Fracasso para o Sucesso, apenas com a diferença de que no lugar de um personagem (terceira pessoa) é o narrador que divide as próprias experiências de vida.

Não há uma receita concreta para elaborar uma história impactante e que cumpra com a “máxima eficiência” ou eficácia um dado objetivo. Escrever, criar e contar histórias é uma arte, existem milhares de possibilidades em torno do Storytelling.

Vai existir um determinado público que pode combinar mais com uma determinada história do que outros. A grande questão é sempre formular um plano estratégico antes de discursar uma narrativa.

Um hábito de leitura e ter um olhar analítico, crítico, reflexivo e aprofundado das narrativas que se consomem são boas formas de agregar conteúdo em sua bagagem literária.

E quanto mais você pratica o Storytelling, maior será a eficiência das histórias posteriores.

Qual é a história que você quer passar para o mundo?

Artigo escrito por Tailan Coelho de Oliveira, Assessor de Marketing na LEVE – Consultoria e Gestão de Projetos.

A LEVE é uma Empresa Junior da faculdade de turismo e hotelaria da Universidade Federal Fluminense, trabalhando com organização e suporte para eventos e passeios empresariais.

Saiba mais em: https://www.leveconsultoria.com/

Autor

Redação IEG

O IEG é uma empresa que elabora soluções de ensino, pesquisa e consultoria em gestão de forma integrada e complementar para você e para a sua organização.

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