A implantação de um Centro de Serviços Compartilhados envolve a tomada de diversas decisões de ordem econômica, técnica e financeira. Neste contexto, uma das principais escolhas a ser feita é o local onde será instalado o CSC, uma vez que a melhor localização não é necessariamente aquela que proporciona os menores custos para a organização. A localização escolhida gera reflexos em outros componentes do projeto, como disponibilidade e qualidade da mão-de-obra e condições de infraestrutura. Além disso, políticas governamentais, a língua do país e outros aspectos culturais podem dificultar a padronização ou a manutenção do nível de qualidade exigido para os serviços prestados.

As primeiras implantações de CSCs no Brasil ocorreram no fim dos anos 90, e desde então, o mercado de Serviços Compartilhados vem demonstrando um expressivo crescimento no país. A partir de 2008 acredita-se que, por conta da Crise Econômica iniciada nos EUA, as empresas viram-se fortemente pressionadas a encontrar novas formas de reduzir seus custos, o que estimulou a implementação do modelo de Serviços Compartilhados. Atualmente, de acordo com um levantamento [1] feito em 2015, existem cerca de 200 Centros instalados no Brasil.

Segundo Pesquisa [2] realizada em 2013, aproximadamente metade (48%) dos serviços prestados para o Brasil provém de CSCs instalados no próprio país. Apesar desta localização não proporcionar os menores custos operacionais, quando comparada a países da Ásia e do Oriente Médio, por exemplo, percebe-se que a proximidade ao cliente é um fator relevante para a escolha do Brasil como local para a implantação de um CSC, dado que diversas empresas possuem forte atuação no país. A língua portuguesa, políticas protecionistas, aspectos legislativos e peculiaridades dos processos no Brasil também são fatores direcionadores para a implantação de um Centro em território brasileiro, caso a empresa tenha uma grande operação no país. Nas áreas de RH e Fiscal, por exemplo, os processos se diferenciam quando comparados aos demais países, o que dificulta a padronização de sistemas. Atualmente, a fim de ganhar escala e proximidade principalmente com os clientes do continente americano, alguns CSCs localizados no Brasil prestam serviços, em sua maioria financeiros, para outros países, destacando-se aqueles localizados na América do Sul.

Ainda de acordo com Pesquisa² de 2013, os principais motivos considerados durante a definição da localização de um CSC estão relacionados à mão-de-obra (qualidade, custo e disponibilidade). Nos últimos anos, segundo relatórios da UNCTAD, o Brasil vem ocupando as primeiras posições do ranking de investimentos estrangeiros diretos (IED), o que incentivou a atuação de diversas empresas no país e proporcionou qualificação para um maior número de trabalhadores brasileiros. Dessa forma, o Brasil se tornou mais atrativo como possível localização para um CSC, uma vez que além de permitir maior proximidade aos clientes internos, atualmente oferece ampla disponibilidade de mão-de-obra com melhor qualificação.

É possível observar indícios da atratividade do Brasil para a localização de um Centro de Serviços Compartilhados ao se analisar o rápido crescimento do número de Centros localizados no país nos últimos anos, assim como da oferta de provedores de soluções para este mercado. De acordo com Relatório [3] de 2015, o Brasil passou da 18ª posição, em 2014, para a 8ª no Índice de Localização de Empresas de BPO e CSCs. Entretanto, existem desvantagens associadas à escolha do Brasil, conforme apontado por Pesquisa [4] realizada em 2013. Segundo a mesma, o custo mais elevado de mão-de-obra e as altas cargas tributárias são os principais motivos para que atividades sejam realizadas no exterior. Vale ressaltar que algumas empresas estão transferindo atividades ou toda a operação do CSC para outros países, dessa forma, mostra-se extremamente importante a elaboração de um Plano de Atratividade para o país, aumentando a força deste mercado e pressionando o governo para que incentivos sejam oferecidos, tornando o Brasil cada vez mais atrativo para a implementação de novos CSCs.

Fonte // IEG – Instituto de Engenharia de Gestão

Referências //   [1] Levantamento realizado pelo IEG em Fevereiro/2015 /  [2] Deloitte’s 2013 Global Shared Services Survey /  [3] Cushman & Wakefield’s global report – Business Process Outsourcing (BPO) & Shared Service Location Index 2015 /  [4] Pesquisa REserv realizada pelo IEG em 2013

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Autor

Redação IEG

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